Terminada a cirurgia, o anestesista começa a reversão da anestesia. Nos pacientes sob anestesia geral, interrompemos a administração contínua dos anestésicos e, aproximadamente 10 a 20 minutos após, ocorre o despertar.
Esta primeira fase do despertar, é realizada sob diretamente pelo anestesista na sala de cirurgia. Após certificar-se da devida reversão inicial da anestesia, o anestesista encaminha o paciente para a Sala de Recuperação Pós-Anestésica (SRPA) onde ocorre a segunda fase de recuperação. Nos casos onde, no planejamento prévio, foi recomendado cuidados intensivos no pós-operatório, o paciente será encaminhado para o Centro de Terapia intensiva (CTI). Em alguns poucos casos, identificamos a necessidade de acompanhamento em CTI somente durante o procedimento cirúrgico. Nestes casos, os acompanhantes serão devidamente informados dos motivos da mudança no planejamento inicial.
Na SRPA, o paciente será assistido de forma intensiva pela equipe de enfermagem com supervisão da equipe de anestesistas. Nesta segunda fase, o paciente torna-se mais desperto e orientado. Por vezes, apesar do tratamento preventivo da dor realizada durante a cirurgia, o paciente pode experimentar na SRPA dor que varia de desconforto até dor moderada ou forte. Em nosso serviço, a dor é tratada de forma agressiva e rápida minimizando o sofrimento e otimizando a recuperação.
Náuseas e vômitos são relativamente comuns na SRPA. Pacientes jovens, do sexo feminino, com história prévia de vômitos em pós-operatório apresentam maior chance. Em nosso serviço, todos os pacientes serão submetidos à técnicas anestésicas que diminuem a possibilidade de náusea ou vômitos, além de receberem tratamento medicamentoso preventivo. O tratamento preventivo diminui porém não elimina a possibilidade da ocorrência. De qualquer forma, se ocorrerem náuseas ou vômitos no pós-operatório, o paciente será prontamente tratado.
O paciente receberá alta da SRPA somente quando estiver bem desperto, com pressão arterial, frequência e ritmo cardíacos estáveis, dor ou náuseas controladas, temperatura corporal normal e com função respiratória satisfatória. No caso de alta da SRPA diretamente para casa, o paciente também deverá apresentar capacidade de se alimentar, de urinar e de andar (se a cirurgia permitir), além de obrigatoriamente estar acompanhado de acompanhante adulto.
A recuperação na SRPA habitualmente é rápida (de 1 a 4 horas) e o paciente normalmente se sente bem e desperto no final desta segunda fase de recuperação. Contudo, a recuperação plena da anestesia, a terceira fase, pode levar até 24 horas. Neste período, o paciente apresenta, mesmo que imperceptível, diminuição do equilíbrio, da capacidade de raciocínio, dos reflexos e de capacidade de memorização. Desta forma, não deverá ficar desacompanhado, dirigir carros ou máquinas e/ou assinar documentos.
Nos casos onde a anestesia administrada foi peridural, raquianestesia ou bloqueios periféricos, ao término da cirurgia, o paciente também é encaminhado para SRPA ou CTI. Nestes casos, a recuperação da sedação é progressiva e o retorno da dormência e imobilidade das pernas, braços ou outra área bloqueada podem levar algumas horas. No caso de anestesia peridural ou raquianestesia, aguardamos a plena recuperação para a alta da SRPA. Já nos bloqueios periféricos como do braço e do olho, os pacientes podem receber alta na vigência do bloqueio com as devidas orientações dos cuidados a serem tomados.